Essa semana estava preparando a primeira aula de uma disciplina que estou começando a lecionar nesse semestre, sobre captura de movimento para animação, e durante a minha pesquisa na parte histórica da captura de movimento lembrei o clássico comercial chamado de Brilliance. O contexto desse comercial me veio a mente, pois ele foi veiculado durante o Super Bowl de 1985, um dos intervalos mais caros da TV mundial para veicular anúncios, que geralmente é ocupado por grandes produções. E como o Super Bowl foi nesse final de semana, o resgate dessa animação se enquadra perfeitamente nesse contexto de animação.
Quero só lembrar as pessoas acostumadas com as produções relacionadas com computação que esse é o produto do que havia de melhor em termos de CG em 1985.
Esse é o comercial:
Sim, o vídeo tem como ponto principal o incentivo ao uso de comida enlatada. Outros tempos, com outras prioridades. Mas, voltando a parte técnica do assunto, o interessante sobre esse comercial é que o processo de captura de movimento usado no projeto foi desenvolvido especialmente para esse vídeo, usando pontos nas articulações da modelo que foi filmada de vários ângulos para mapear os movimentos para aplicação no modelo 3d.
Para fins estatísticos, segundo os documentos e relatos que tenho em livros sobre o assunto, o processo de render desse vídeo levou mais de duas semanas e nos estágios finais do desenvolvimento foram usados quase 750 computadores para gerar a animação.
O vídeo abaixo mostra um making of de como tudo foi produzido e filmado, levando em consideração a tecnologia da época, até que foi um feito e tanto.
Esse foi considerado o marco inicial do uso dessa tecnologia em produções para TV, pois até aquele momento as aplicações estavam restritas mais a área de pesquisa militar e médica. Depois desse comercial outras produções começaram a fazer uso dessa técnica, culminando com o que existe de mais moderno hoje em dia nessa tecnologia que é a captura de performance, técnica usada para gerar as animações do Avatar.
O que impressiona nesse tipo de comparação é que estamos separados por 25 anos nos dois vídeos, e só podemos sonhar com o que teremos acesso em mais 25 anos de pesquisa e desenvolvimento.